Livro "Terra de Palmeiras"

Palavras da autora:


Inicio aqui a narrativa de um sonho. O sonho de uma mulher introspectiva que aprendeu a brincar com uma câmera fotográfica e ao despertar para o mundo das imagens começou a ler a vida de forma diferente.

A paixão pelas cenas cotidianas, pela beleza anônima das personagens que cruzavam o caminho, pelo momento, pelo instante, pela harmonia dos movimentos,m pela expressão de cada olhar, pelo universo de cada sorriso, pela poesia do "ser" humano, despertaram em mim o desejo de eternizar em imagens aquelas que há muitos anos admirava.

Diversas vezes fui questionada sobre o motivo que me levara a escolher as mulheres quebradeiras de coco babaçu do estado onde nasci para tema de um livro de fotografias. Dentre tantas belezas naturais e culturais existentes no estado do Maranhão, a que mais se parecia com a minha própria história de vida parecia ser a mais desinteressante para todos que me aconselhavam. foi assim que descobri que poucos conseguiam ver a beleza da história dessas mulheres.

Desistir? Sim, confesso que esse pensamento rondou minha mente diversas vezes! Nos meus anos de vida já havia desistido de muitos sonhos, e isso não poderia acontecer novamente. precisava persistir um pouco mais. Afinal, a dedicação exaustiva ao trabalho para conseguir criar e educar os filhos era uma luta minha também. apesar de viver na capital, em condições e profissão bastante diferentes, partilhávamos do mesmo objetivo: proporcionar melhores condições de vida para nossos filhos, não importando o quão sacrificante a jornada de trabalho pudesse ser.

A importância da atividade das quebradeiras de coco na renda familiar e na subsistência das comunidades onde moram não é segredo para a maioria. A luta pela terra e pela preservação dos babaçuais também não é novidade. Mas a força que há em cada mulher que luta pela sia subsistência e de seus filhos sim, além de um mistério intrigante, é algo tão belo, nobre e grandioso que palavras apenas não seriam capazes de descrever. existe uma valentia notoriamente majestosa na fragilidade feminina, e essa foi uma das muitas lições que aprendi com cada uma delas.

É por esse motivo que este trabalho não tem por objetivo demonstrar em números nem em valores a opressão sofrida pelas "quebradeiras de coco babaçu", muito menos sua desvalorização na sociedade ao longo dos anos. Nosso objetivo é mostrar, em cada imagem, a beleza e nobreza de sentimentos por trás das histórias de luta e sacrifício dessas valentes mulheres.

Ao longo das várias etapas de pesquisa e fotografia para a conclusão deste livro, tive o privilégio de ouvir muitas histórias. Entre lágrimas e sorrisos, cada uma contava um pouco de sua vida, enquanto os braços trabalhavam sem cessar na quebra do coco e retirada da amêndoa. Histórias de vida marcadas por sofrimento, privação, fome, dor, perda e decepção que, surpreendentemente, não conseguiram tirar delas a alegria de viver cada momento com entusiasmo, na certeza de que dias melhores virão.

Embora o termo mais usado para descrever essas incríveis mulheres seja apenas "quebradeiras", eu as vejo como quebradeiras de coco babaçu, extrativistas e trabalhadoras rurais sim. Mas vejo-as mais como mulheres, donas de casa, esposas, mães, avós, filhas, irmãs, amigas e companheiras. Enfim, EXEMPLO DE MULHERES!

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